quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Grande mestre : Rubem Alves

                   RUBEM ALVES
                   Despedida

       "Minha alma é movida pelas ausências; mas, nos jornais, não há lugar para ressurreições..."

      ESSA CRÔNICA é uma despedida. Resolvi, por decisão própria, parar de escrever em Cotidiano.
       Devo ter perdido o juízo. Minha decisão contraria um dos dois maiores sonhos de cada escritor. Primeiro, o sonho de ser um best-seller. Encontrar algum livro seu nas prateleiras da livraria Laselva, nos aeroportos. Confesso: sou vítima dessa vaidade. Mas não aprendo a lição. Nos aeroportos, vou sempre visitar a Laselva na esperança de lá encontrar um dos meus livros. Saio sempre desapontado.
         O outro sonho dos escritores é ter seus textos publicados num jornal importante: ser lido por milhares de leitores. O que significa reconhecimento duplo: do jornal que os publica e dos leitores. Isso faz muito bem para o ego. Todo escritor tem uma pitada de narcisismo.
          Fernando Pessoa tem um poema que diz assim: "Tenho dó das estrelas luzindo há tanto tempo, tenho dó delas..." E ele se pergunta se "não haverá um cansaço das coisas, de todas as coisas..." Respondo: Sim. Há um cansaço. A velhice é o tempo do cansaço de todas as coisas. Estou velho. Estou cansado. Já escrevi muito. Mas, agora, meus 78 anos estão pesando. E como acontece com as estrelas, há sempre a obrigação de brilhar.
          A obrigação: é isso o que pesa. Quereria ser capaz de viver um poeminha do Fernando Pessoa: "Ah, a frescura na face de não cumprir um dever... Que refúgio o não se poder ter confiança em nós..." Perco o sono atormentado por deveres, pensando no que tenho de escrever. Sinto -pode ser que não seja assim, mas é assim que eu sinto-que já disse tudo. Não tenho novidades a escrever. Mas tenho a obrigação de escrever quando minha vontade é não escrever.
        Não é qualquer coisa que se pode publicar num jornal. O próprio nome está dizendo: "jornal", do latim "diurnalis"; de "dies", dia, diurno; o que acontece no dia; diário.O tempo dos jornais é o hoje, as presenças. Mas minha alma é movida pelas ausências: nos jornais, não há lugar para ressurreições.
          Acho que aconteceu comigo coisa parecida com o que aconteceu com a Cecília Meireles. Escrevendo sobre ela, Drummond falou o seguinte: "Não me parecia criatura inquestionavelmente real; por mais que aferisse os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me sempre a impressão de que ela não estava onde nós a víamos... Por onde erraria a verdadeira Cecília, que, respondendo à indagação de um curioso, admitiu ser seu principal defeito 'uma certa ausência do mundo'"?
          Deve ser alguma doença que ataca preferencialmente os velhos e os poetas. A Cecília descrevia o tempo da sua avó com "uma ausência que se demorava". E Rilke se perguntava: "Quem assim nos fascinou para que tivéssemos um olhar de despedida em tudo o que fazemos?" O sintoma dessa doença é aquilo que a Cecília disse: uma certa ausência do mundo.
          O místico Ângelus Silésius já havia notado que temos dois olhos, cada um deles vendo mundos diferentes: "Temos dois olhos. Com um, vemos as coisas do tempo, efêmeras, que desaparecem. Com o outro, vemos as coisas da alma, eternas, que permanecem". Jornais são seres do tempo. Notícias: coisas do dia, que amanhã estarão mortas.
          E é por isso vou parar de escrever: porque estou velho, porque estou cansado, porque minha alma anda pelos caminhos do Robert Frost, porque quero me livrar dos malditos deveres que me dão ordens desde que me conheço por gente...

terça-feira, 18 de outubro de 2011

SER DIRETOR...

Ser diretor, ai que horror!
Toda gente em nosso pé:
Desde bandido sem fé,
Que não nos faz cafuné,
Até seu Serra-terror,
Mais os asseclas, que invadem
nossos planos e projetos,
sonhando ser Bin Laden,

Ai que raiva!!!

De dia, aquele tormento:
É o Joãzinho, sem rumo,
Quebrando tantas vidraças,
Justificando, sem graça,
Muito cheio de marola:
"Foi sem querer, diretor,
A culpada foi a bola! "
E pobre de nossa escola.

Dá uma vontade...!!!

De noite, vem o mistério.
Metido a besta, o artista
Transmuda-se em pichador.
Procura-se alguma pista,
Finalmente, surge a prova.
Vem, então, o humanista:
Coitadinho do Picasso,
exercitava seu traço!!!

Ah, se te pego!!!

Também tem o professor
Que fica fora de prumo,
Quando os alunos capetas
Aprontam-lhe mil falsetas,
Naquela aula infeliz,
Que ministra sem paixão.
Pode escrever, meu amigo,
Tem fila na porta da direção!!

Jesus! Dai-me paciência!!!

E vem também pai de aluno,
Zangado com o inspetor
Porque seu santo rebento
Provocou, em tal momento,
Gente de quem se temia,
Levando em bom pagamento
Bordoadas sem amor.
E sobra pro diretor!!

Êta, dureza!!!

E, de quebra, todo dia,
É chato, de todo lado,
A rondar a direção,
Pra vender enciclopédia,
Salame, queijo, comédia,
Informática e inglês,
Quase tudo por quase nada.
Mas, que gente descarada!!

Caramba!!!

E tudo isso, por quanto?
Uns mil seiscentos e tanto,
Esse, sempre, o inicial.
Um salário, de dar dó,
Que dá vontade, afinal,
De dizer para os molóides:
Não tendes vergonha na cara,
De nos pagarem um salário
Do ó do borogodó ??

Perdoem-me a quase baixaria!!!

E quando chega o momento
De receber algum louro,
Que é esse tal do bônus,
Pobre de nós. Do tesouro,
Pra levar algum por cento,
Assumimos todo o ônus,
Dos que se fazem de mouro.
E, lá se vai nosso ouro.

Deixemos de brincadeira,
Pois diretor que se preza
Ama sua profissão,
Professores, serviçais,
Os alunos e seus pais.
Sonham com a escola perfeita,
Cidadã e sem violências,
Formadora de consciências!!

Agora, falando sério:

Não fosse bem verdadeira
A permanente emoção,
Que em tal lida nos envolve,
Há muito nossas escolas,
Vítimas de mil percalços
Impostos pelo padrasto,
Já estariam no chão.
Não seriam o que são.

E que viva, a Direção!!!
(Poema hilário retirado do site da Udemo)

18 DE OUTUBRO - DIA DO DIRETOR DE ESCOLA...

O Diretor de Escola é, por muitos motivos, uma figura exponencial na estrutura de qualquer sistema de ensino, seja público ou privado.

Suas funções alcançam praticamente todos os setores da escola, e múltiplos são os seus afazeres numa instituição que congrega milhares de alunos, centenas de pais, dezenas de professores e funcionários.
Suas responsabilidades são imensas, uma vez que estão sob seus cuidados crianças e jovens nem sempre preocupados consigo mesmos, ao longo dos 200 dias letivos, numa escola onde tudo pode acontecer, inclusive tragédias.
O Diretor é o mestre pensador, aquele que projeta a escola de qualidade desejada pela comunidade, embora quase nunca possível, pelos péssimos salários e condições de trabalho.
A tanto empenho do diretor, qual é a contrapartida dos governantes e das autoridades educacionais?

De concreto, nenhum. Geralmente, apenas pronunciamentos vazios e hipócritas, tais como "A Escola é a Cara do Diretor".
Em função de todas as adversidades que cercam nossa profissão, nós, diretores da escola pública estadual, neste 18 de outubro temos muito pouco a comemorar, a não ser o sentimento do dever cumprido.
Porque, acima de tudo, nós somos educadores!!!

Parabéns!!!
(Copiado do site da Udemo)

sábado, 8 de outubro de 2011

" FELIZ DIA DA CRIANÇA "

"Entre a inocência da infância e a compostura da maturidade,há uma deliciosa criatura chamada criança. Embora se apresentem em tamanho, pesos e cores sortidos, todas as crianças tem o mesmo credo: aproveitar cada minuto , de todas as horas , de todos os dias e protestar ruidosamente ( pois o barulho é sua única arma ) quando seu último minuto é decretado e os adultos os empacotam e os colocam na cama. Crianças são encontradas em toda parte: em cima de, em baixo de, dentro de, subindo em, balançando-se no, correndo em volta de, pulando para... As mães as adoram, irmãos e irmãs mais velhos as suportam, adultos as ignoram, o céu as protegem... Uma criança é a verdade com o rosto sujo, a beleza com um corte no dedo, a sabedoria com um chiclete no cabelo, a esperança do futuro com uma rã no bolso. Quando você está ocupado, uma criança é uma conversa fiada, intrometida e amolante. Quando você deseja que ela cause boa impressão, seu cérebro vira geléia ou ela se transforma numa criatura sádica e selvagem empenhada em destruir o mundo ao seu redor. Uma criança é um ser híbrido: o apetite de um cavalo, a energia de uma bomba atômica de bolso, a curiosidade de um gato, os pulmões de um ditador, a imaginação de um Julio Verne, o retraimento de uma violeta, o entusiasmo de um bombeiro... E, quando se mete a fazer alguma coisa é como se tivesse cinco polegares em cada mão. Gosta de sorvete, canivete, serrote, pedaços de pau, bichos grandes, dos pais, sábados, domingos e feriados e mangueiras d água. Não é partidária do catecismo, escola, livros sem figuras, lições de música, colarinhos, barbeiros, agasalhos, adultos e "hora de dormir". Ninguém se levanta tão cedo , nem chega tão tarde para o jantar. Ninguém se diverte tanto com árvores, cachorros e mosquitos. Ninguém é capaz de colocar num só bolso: um canivete enferrujado, uma maçã comida pela metade, um metro e meio de barbante, um saco plástico, dois chicletes, três moedas, um estilingue e fragmentos de substância ignorada. Uma criança é uma criatura mágica; você pode mantê-la fora de seu escritório, mas não pode expulsá-la de seu coração. Pode pô-la fora da sala de visitas, mas não pode tirá-la de sua mente. Queira ou não, ela é seu captor, seu dono, seu patrão, um nanico, um saco de encrencas. Mas, quando, à noite você chega em casa com suas esperanças e seus sonhos reduzidos a pedaços, ela possui a
magia de soldá-los num segundo, pronunciando duas simples palavras: "alô papai, alô mamãe"....
Retirado da página da " Escola Municipal JARDEL HOTTZ "
Maravilhosa e única descrição , extremamente feliz, do que é uma criança ...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Discurso de Steve Jobs ... Uma lição de vida...

[Discurso na Universidade de Stanford]

Você tem que encontrar o que você ama

Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade. Que a verdade seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias.

A primeira história é sobre ligar os pontos.

Eu abandonei o Reed College depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais 18 meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei? Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina.

Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: "Apareceu um garoto. Vocês o querem?" Eles disseram: "É claro."

Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade. E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de seis meses, eu não podia ver valor naquilo.

Eu não tinha idéia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu, gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria ok.

Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz. No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam interessantes. Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo.

Muito do que descobri naquela época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço. Vou dar um exemplo: o Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante.

Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse.

Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois.

De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença para mim.

Minha segunda história é sobre amor e perda.

Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares e mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação — o Macintosh — e eu tinha 30 anos.

E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir. Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses.

Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale do Silício.

Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Foi quando decidi começar de novo. Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa.

A Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple.

E Lorene e eu temos uma família maravilhosa. Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple.

Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama.

Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz.

Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.
Minha terceira história é sobre morte.

Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: "Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último." Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: "Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?" E se a resposta é "não" por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.
Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo — expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar — caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração.

Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.

Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas.

Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de três a seis semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas — que é o código dos médicos para "preparar para morrer". Significa tentar dizer às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer seu adeus.

Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.

Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá.

Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade.

O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém.

Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas.

Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior.

E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.

Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid.

Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes de o Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês.

Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras:
"Continue com fome, continue bobo."

Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos.

Pensamentos..



pensador.info

sábado, 10 de setembro de 2011

Depoimento de Fernando Henrique Cardoso, sobre Educação

Tive a Educação regular que todas as crianças e jovens de famílias de classe média tradicional (isto é, educadas) tiveram. Frequentei escolas primárias no Rio e em São Paulo, ambas privadas, e do mesmo modo, nas duas cidades fiz em escolas privadas o curso secundário.

O verdadeiro sentido da Educação se abriu para mim, entretanto, quando entrei na Universidade de São Paulo, em 1949. Naquela época alguns professores estrangeiros, sobretudo franceses, ainda davam as cartas na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Também fiz curso de pós doutorado na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, em Paris.
 
Aprendi, então, que Educação significa, mais do que transferência de informações, aprender a perguntar e a pensar: método. Mais vale ler um bom livro, qualquer que seja a orientação do autor, que abra a cabeça, do que perder tempo com dogmatismos ou muitas informações de utilidade duvidosa.

Passei grande parte de minha vida útil dedicando-me ao magistério. Na USP e, mais tarde nas universidades do Chile, de Stanford, Berkeley, Cambridge e na Universidade de Paris. Depois que deixei a Presidência da República voltei às aulas na Universidade de Brown, nos Estados Unidos onde fui professor visitante até há dois anos.

Como presidente, dei ênfase à expansão do Ensino Fundamental e técnico. O Brasil precisa muito que todas as crianças estejam nas escolas, que permaneçam nelas por mais horas do que o habitual e que as escolas as preparem para a vida. A vida moderna requer conhecimentos básicos de matemática, informática, português e pelo menos de uma outra língua. Mas, sobretudo história (com sabor sociológico) e algo de filosofia, ou melhor, de reflexão sobre a vida e as pessoas. Para isso é fundamental dispor de professores bem treinados, motivados, bem pagos e capazes de despertar o entusiasmo do aluno. Requisitos fáceis de mencionar e difíceis de serem efetivados.

De qualquer modo, para quem teve as oportunidades que tive de me educar é impensável não dar valor à Educação. Quando nasci metade dos brasileiros não sabia ler nem escrever. Agora serão dez por cento da população. Mas mesmo assim, os cursos ainda são precários. Acho que é dever de quem teve a oportunidade de se educar, principalmente dos governantes, valorizar a educação e entendê-la no verdadeiro sentido a que me referi: como um contínuo processo de aprendizagem, formal e informal, no qual mais vale saber indagar e refletir do que ter respostas feitas, como se a cabeça de cada um fosse um arquivo.

 

Fernando Henrique Cardoso foi presidente do Brasil de 1995 a 2002. É sociólogo e autor de vários livros sobre mudança social e desenvolvimento no Brasil e na América Latina. Atualmente ele preside o Instituto Fernando Henrique Cardoso, que preserva e dá acesso ao seu arquivo pessoal, além de promover o debate sobre democracia e desenvolvimento.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Dia do Folclore...







Trabalho feito com uma boneca, retalhos, barbante para os cabelos , muito amor e criatividade...Mais uma "arte" de minha filha, Fabíola, para trabalhar o tema "Folclore" , com suas crianças da Emei Felipe D'Oliveira... Afinal, a sereia faz parte do imaginário e do universo lúdico de nossas crianças e, porque não dizer, de todos nós...

MARCHA Da EDUCAÇÃO...

( in http://marchadaeducacao.org/)

EDUCAÇÃO DIGNIFICANTE, FORMAÇÃO CRÍTICA

O ensino, seja ele básico ou superior, não pode exercer apenas a função de fornecedor de mão-de-obra do mercado de trabalho. Deve instruir a população para que ela use seu poder de escolhas políticas e de atitudes como cidadãos com plenitude e consciência. É insuficiente formar profissionais: as cabeças pensantes é que levarão a nação, que há pouco experimenta o ar da prosperidade econômica, ao verdadeiro desenvolvimento.

A escolarização deve estar ao alcance de todo habitante. O analfabetismo deve ser erradicado.

Como?

1- Maior investimento

Professores do sistema público e básico de ensino são uma categoria que, se outrora aguerrida, hoje vive desunião e, em especial, desvalorização. Aliado da estrutura física decadente e abandonada, tal fator constitui uma fórmula que tem tudo para dar (e que vem dando) errado. Além disso, a má qualidade de numerosos cursos superiores – de que grande parte dos docentes lamentavelmente é cria – só agrava o quadro de coma em que se vê educação brasileira.

Com 10% do PIB investidos em educação, assim como defende o Conselho Nacional de Educação (CNE), acreditamos que o primeiro passo será dado. Medidas como ProUni não podem ser permanentes, só paliativas. E devem ser progressivamente substituídas pelo ensino de qualidade e universal.

2- Fiscalização

Mazela da própria falta de formação crítica e ética – que, sem dúvida, também é ensinada na escola -, a corrupção é o câncer instaurado nas células do Brasil todo. Através da transparência na prestação de contas e da criação de órgãos exclusivamente dedicados à função de vigilante do dinheiro do contribuinte, será possível expelir esse tumor. Em cartilhas disponíveis no Transparência Brasil, como “Convenciones Anticorrupción en América: Lo que la sociedad civil puede hacer para que funcionen” (PDF), da Transparency International, há detalhes de como fazê-lo. Queremos saber onde estará cada centavo. E ladrões tratados como ladrões.

Além da corrupção, outro fator que leva a educação para debaixo do tapete é a vista grossa. Aí que o Projeto de Lei entra. A educação das famílias no estrato populacional superior vai muito bem, obrigado. Os parlamentares, com rendimento anual 56 vezes maior que o de quem ganha um salário mínimo, invariavelmente se encontram na nata da sociedade. Isso lhes concede o privilégio de ignorar a educação municipal, estadual ou federal. Contudo, se cada um deles tiver de viver, em casa, o drama dos ensinos públicos fundamental e médio, isso não vai acontecer.

Não é demais reforçar que a Marcha da Educação é independente e livre de ligação com partido político ou qualquer outro tipo de agremiação. A ideia do Projeto de Lei em questão – PLS 480/2007, atualmente estacionado – é muito boa para ser esquecida. Em contraponto, argumenta-se que a proposta fere o livre-arbítrio e que vagas de pessoas seriam tiradas de pessoas que realmente as necessitam. A resposta do relator, Cristovam Buarque, é que cada um escolhe ser ou não político – e que a ocupação já traz em si diversas outras obrigatoriedades. Além disso, o ensino público, afinal, precisa estar ao alcance de todos, independentemente da demanda.

Se você é contra o PLS 480/2007, mas a favor de um sistema público de ensino de qualidade, não deixe de participar da Marcha da Educação!

3- Planejamento e acompanhamento

O Plano Nacional da Educação (PL 8035/2010), que deve ser aprovado pelo executivo em breve, é um grande passo para o sistema educacional do país. Contudo, sua validade demasiado extensa (2011-2020) compromete a eficácia. A Marcha da Educação reivindica balanço e revisão de medidas anuais para o atual PNE, além de mecanismo de acompanhamento transparente e disponível de maneira permanente, em ambiente virtual.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

REFLEXÃO...

‎"Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia." (Gandhi)

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

AGOSTO : - COMEMORAÇÃO DO FOLCLORE...





Este é o trabalho de minha filha , Fabíola Viviano Martini, para contar a lenda do Boitatá, para suas crianças da Emei Felipe D'Oliveira... Ela é muito criativa, uma artista...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Escrever ou Teclar ?!!!



Letra cursiva é perpetuação da cultura, é individualidade, num mundo cheio de "iguais", é poder dar um toque pessoal a uma carta romântica, a um bilhete de despedida, a um recado de agradecimento... Letra cursiva é , enfim, garantia de cada um poder ser único e insubstituível... Corre pelos noticiários a proposta absurda, vinda dos Estados Unidos, de se abolir a letra cursiva, praticamente "deletando" o verbo" escrever" e substituindo-o por "teclar"... Todas as vezes em que aderimos a idéias pedagógicas lançadas nos EUA,- ou em qualquer outro país, não importa a localização geográfica - idéias estas , muitas vezes, já comprovadamente testadas , avaliadas e rechaçadas por lá, regredimos em nossa qualidade educacional e os resultados - desastrosos , como sempre - , são sentidos ao longo das avaliações e das gerações mal formadas... Isto já ocorreu com a introdução de ESTUDOS SOCIAIS , na década de 70, englobando História e Geografia, quando nos EUA já se havia comprovado a ineficácia da ação... Em pouco (!!!) tempo, percebeu-se o fracasso da fusão ... Os alunos passaram a não saber mais, nem uma coisa, nem outra... Voltou-se a desmembrar a área , retornando para o currículo a História e a Geografia... Sem no entanto, conseguir sanar a lacuna deixada na formação de crianças e jovens que passaram por tal experiência... Esperemos que os "modismos" da abolição da letra cursiva e da extinção do verbo "escrever" em detrimento do verbo "teclar" não se tornem uma nova "teoria" a ser seguida indiscriminadamente, resultando em maior atraso no desenvolvimento educacional deste nosso país , já tão sofrido com os desmandos pedagógicos que, de teoria, passam a ser tratados como únicas verdades...

Qualquer semelhança é mera coincidência ... Será ?!!!

Recado de uma Secretária Eletrônica de uma Escola
Esta é a mensagem que os professores de uma escola da Califórnia decidiram gravar na secretária eletrônica. A escola cobra responsabilidade dos alunos e dos pais perante as faltas e trabalhos de casa e, por isso, ela e os professores estão sendo processados por pais que querem que seus filhos sejam aprovados mesmo com muitas faltas e sem fazer os trabalhos escolares. Eis a mensagem gravada: - Olá! Para que possamos ajudá-lo, por favor, ouça todas as opções: - Para mentir sobre o motivo das faltas do seu filho - tecle 1. - Para dar uma desculpa por seu filho não ter feito o trabalho de casa - tecle 2. - Para se queixar sobre o que nós fazemos - tecle 3. - Para insultar os professores - tecle 4. - Para saber por que não foi informado sobre o que consta no boletim do seu filho ou em diversos documentos que lhe enviamos - tecle 5. - Se quiser que criemos o seu filho - tecle 6. - Se quiser agarrar, esbofetear ou agredir alguém - tecle 7. - Para pedir um professor novo pela terceira vez este ano - tecle 8. - Para se queixar do transporte escolar - tecle 9. - Para se queixar da alimentação fornecida pela escola - tecle 0. - Mas se você já compreendeu que este é um mundo real e que seu filho deve ser responsabilizado pelo próprio comportamento, pelo seu trabalho na aula, pelas tarefas de casa, e que a culpa da falta de esforço do seu filho não é culpa do professor, desligue e tenha um bom dia!"

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Mediocridade...

Lamentável a postura do Sr.Vereador Dario Burro... Aliás, mais lamentável ainda é a impropriedade teórica, nas colocações acerca de Paulo Freire e seu suposto método... Com certeza , o grande educador deve se revirar no túmulo ao ver seu trabalho nivelado por baixo, apesar da suposta tônica elogiosa contida no inócuo discurso do Sr. Vereador que, se leu Paulo Freire, não conseguiu captar , em profundidade , sua teoria... Fora de contexto, desconsiderando variáveis intervenientes, o Sr. Dario Burro (!!!) reafirma suas generalizações, condenando os professores por um fracasso que, se existe, deve ser compartilhado com as autoridades que, por vezes, limitam a ação docente, impedindo o bom desenvolvimento da atividade educacional, determinando , por exemplo, que na Educação Infantil Pública não se deva alfabetizar, quando nas escolas particulares isto ocorre com naturalidade e é até um anseio dos pais de ambos os sistemas de ensino... O próprio Vereador em tela, afirma que os professores são autoritários, mandando seus alunos para a Diretoria ,enquanto o Presidente da Câmara representa esse mesmo autoritarismo, ou talvez pior, ao solicitar força policial para a retirada de professores que se manifestavam nas galerias... A suposta democracia alardeada pelo Sr. Vereador, embasando suas críticas destrutivas ao magistério, não seria a mesma que permitiria a manifestação dos professores , nas galerias da Câmara Municipal ?!!!

Ataque aos professores...

Hoje, com tristeza, ouço , no noticiário, que um vereador de Jacareí referiu-se aos professores, com total desrespeito... Segue, pois , depois de tanto aborrecimento, o e-mail que encaminhei para o autodenominado Dario Burro: Sr. Vereador,    Lamentável sua visão tacanha sobre Educação... Sim, porque quem manifesta opiniões ofensivas e fora de contexto sobre "professores" , não pode compreender a importância da Educação no processo de crescimento do ser humano... E, por via de consequência , não pode se arvorar em árbitro , julgando profissionais que , até hoje, não são considerados prioridade nas proposituras legislativas, inclusive as  do próprio vereador... Senão, vejamos : - o que o Sr. Vereador fez , até hoje, para melhorar a Educação do País , ou do Estado , ou de seu próprio Município,  senão criticar , mordazmente, uma categoria sofrida e já tão desrespeitada ? Com certeza, sua afirmação de que o professor é frustrado por "não ter capacidade para ser absorvido pelo mercado de trabalho , em outra profissão" , deve ser uma projeção pessoal de frustração ...   Afinal, o Sr. Vereador também cursou Letras e lecionou em Escolas Estaduais, segundo biografia contida em seu site... Quando o poder público , além de se abster de cuidar da Educação Pública , como prioridade, como fulcro do desenvolvimento social, se permite criticar , morbidamente uma categoria , generalizando opiniões tendenciosas , curiosamente com motivação político-partidária, de cunho discriminatório e pejorativo, pode-se, com certeza, decretar a falência,não da função educativa, mas, sim, da função legislativa, a qual, vergonhosamente, o Sr. Vereador exerce, não sem ter, antes, por muito tempo, passado pelas mãos de professores, aos quais , agora,  ataca de maneira vil , ratificando o título com o qual se autodenominou... Sr . Vereador, tenha mais respeito, honre seus 37 anos de idade, honre os votos recebidos , atuando para a melhoria da Educação, através de sua legislatura, propondo melhorias concretas , tanto para a Educação enquanto processo, como para a valorização do Magistério ... Só a partir de então lhe será permitida , após análise profunda do contexto educacional, a emissão de opinião respeitosa e educada , acerca de uma profissão tão nobre!!! Em tempo: Quando o Sr. Vereador nasceu, esta que lhe escreve já era professora e, de lá para cá, acompanhou, com tristeza, mas não sem grande dedicação e empenho, a degradação pela qual passou a  Educação, graças a políticos que , a exemplo do Sr. Vereador , manifestam seu desdém pelo Magistério ... Com 40 anos dedicados ao Magistério , orgulho-me de ter colaborado para o crescimento intelectual , moral , cultural , espiritual, etc... de muitas crianças e jovens , a despeito de uma política de desvalorização crescente do Magistério e da vilipendiação da Educação, por vezes, a serviço de ideologias para manutenção do poder... Por outro lado,devo reafirmar que minha opção pelo Magistério não se deveu à ausência de capacidade para outra profissão, pois , com certeza, teria condições de desenvolver MUITO BEM ,  qualquer outra atividade, a partir da disposição , do preparo e da visão de mundo que me fizeram optar , lucidamente, por uma função desgastante, mas tão gratificante como a de EDUCADORA , apesar de comentários tão infelizes como o do Sr. Vereador...        Lamentável...

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Qualidade da educação...



O noticiário se esmera em comentar o absurdo da reprovação de 9 entre 10 bacharéis de Direito, no exame da OAB...Uma outra notícia dava conta de que as faculdades estariam passando a seus alunos, os conteúdos do Ensino Fundamental, numa flagrante constatação de que esses mesmos alunos chegam despreparados, nos aspectos mais básicos da aprendizagem... De imediato, me reportei aos meus tempos de universitária, na década de 70 , quando o professor de História e Filosofia da Educação , Petrônio de Mattos Coutinho, já argumentava que sua função era a de passar novos conteúdos e não resgatar aprendizagens mal aproveitadas em outros ciclos de ensino... Duas posições adversamente complementares, mas, ambas denunciando um problema que se avolumou progressivamente e que deve ser o centro das atenções de estudiosos , pedagogos e políticos, sob pena de termos decretada a falência da Educação.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Tempo de Festa Junina...

Hoje, em minha caminhada matinal, encontrei várias crianças vestidas para a Festa Junina de suas escolas... Que saudades... Hoje, na grande maioria das escolas, as festas juninas já não tem a mesma alegria, o mesmo preparo, a mesma expectativa... Ainda moro em frente à EEPG Prof. Nelson Cardim de Brito e lembro-me bem das dezenas de festas que preparávamos , todos, professores e funcionários , pais e alunos ... Havia a eleição do rei e rainha da pipoca, as gincanas de arrecadação de prendas , as apurações parciais, a apuração final, a premiação, os ensaios de quadrilhas e outras danças típicas da época... Os cartazes , os painéis , tudo feito com empenho e carinho, com envolvimento de todos... Lembro-me de um ano em especial - na época em que o Tiririca estava no auge, com a música da Florentina : - no dia da Festa, o cortejo , com o Rei e a Rainha da Pipoca , numa carroça ornamentada e todo seu séquito, percorreu as ruas principais do Parque Capuava , com o objetivo múltiplo de divulgar a Festa, chamar a população para o evento e valorizar o trabalho de todos... Com um detalhe marcante : - do cortejo , pelas ruas , participamos todos :- professores, funcionários, Direção, além, é claro, dos alunos e pais, numa mostra concreta do espírito de equipe que permeava nosso trabalho, naquela época...Na chegada à Escola, a festa continuou , com as barracas de brincadeiras, as comidas, as bebidas, as danças e apresentações de cada classe... O fio condutor do sucesso de nossas festas era o entusiasmo da equipe...Tudo era
feito, não como cumprimento de tarefa, mas com espírito de construção da Escola que queríamos... A tal ponto que, ao fim da Festa,espontaneamente,embora cansados,todos pegamos as vassouras e colocamos tudo em ordem ,para que as aulas da manhã de segunda-feira pudessem ser iniciadas - a equipe auxiliar era pequena...Que saudades do tempo em que a Equipe Escolar fazia a diferença , porque tinha objetivos claros de sua atuação e de sua importância... Até mesmo numa Festa Junina...

A ESCOLA INTELIGENTE...


Uma vez, há muito tempo, li no jornal "O ESTADO DE SÃO PAULO" , na sessão sobre Empresas, o texto abaixo, logicamente , adequando-o à minha realidade de gestora e substituindo a palavra "empresa" por "escola"... Lá se vão mais de 20 anos, mas o texto não continua super atual ?!!!

Quando todos os cérebros de sua escola forem estimulados a romper com hierarquias limitantes e castradoras e se envolverem , criativamente,

COM A ESCOLA,

aí, sim, vai surgir

uma organização forte, saudável e inteligente:

A ESCOLA INTELIGENTE.


Sabe quanto custa para sua escola, quando alguém diz:


"ISTO NÃO É PROBLEMA MEU ?"

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Educar como exercício de liberdade...

Na primeira noite,
Eles se aproximam
E roubam uma flor
De nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite
Já não se escondem:
Pisam nossas flores,
Matam nosso cão
E não dizemos nada.
Até que um dia
O mais frágil deles
Entra sozinho em nossa casa,
Rouba-nos a luz, e,
Conhecendo nosso medo,
Arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.


Trecho retirado do livro " No caminho , com Maiakovski", de Eduardo Alves da Costa

domingo, 5 de junho de 2011

Triste realidade...

Num país continente , como o nosso, com maior ou menor descaso, a Educação ainda continua a ser vista com desdém...

sábado, 4 de junho de 2011

Minha trajetória.....

      Em 1970, me formei, antiga normalista que era, do Instituto Coração de Jesus , em Santo André... Finalmente, aos 17 anos , era  professora, com toda a pompa e circunstância que um anel de turmalina , um canudo de diploma e uma penca de sonhos me poderiam conferir... Professora... Era o sonho de minha mãe que, nunca tendo cursado uma escola, nos alfabetizou em casa, a mim e a meus dois irmãos,  em português, apesar de ser italiana... Professora... E agora ? No mesmo dia da formatura,  06/12/1970, prestei meu vestibular para Pedagogia, na Fundação Santo André... A carreira começava, não sem alguns percalços, pois, logo de início , a decepção: - como ainda não havia atingido a "maioridade",  tive que esperar , pois, embora estivesse formada, ainda não era considerada adulta , para iniciar o trabalho no serviço público. 
    Só em 13 de maio de 1971, iniciei verdadeiramente minha carreira, sendo "estagiária" no Grupo Escolar do Alto Capuava, em frente a minha casa. Naquela época, estagiário era o professor substituto. A obrigação era ficar duas horas por dia , na escola , sem remuneração, assinando ponto, auxiliando as professoras que tinham classe... Só ganhava se alguma professora faltasse e então , assumindo a classe, cumpria as quatro horas diárias ... Pouca gente faltava, afinal, no Estado , eram apenas 6 faltas abonadas ... A todas nós, estagiárias, cumpria a torcida para que as professoras engravidassem , pois assim, seguindo uma escala, alguém lecionaria e receberia por quatro meses seguidos, tempo da licença maternidade... Ganhávamos então,  muito pouco, pois não tínhamos classe, mas tínhamos uma garra muito grande, uma vontade enorme de fazer a diferença para todas aquelas crianças que nos olhavam , com olhinhos brilhantes , ávidos de aprendizagem... 
     Em 1974, fui indicada para trabalhar, à tarde,  no Curso Stocco, escola particular de Santo André, porém, continuei como estagiária na Rede Estadual, no mesmo Grupo Escolar em que iniciei. 
     Prestei concursos, passei... Ingressei , em 04 de outubro de 1976, na Prefeitura Municipal de São Paulo, indo lecionar na então Escola Municipal do Parque São Rafael, hoje EMEF Cidade de Osaka , tendo que deixar a classe do Curso Stocco. Lembro-me, como se fosse hoje: - estava feliz, pois, após a maratona de exames médicos e assinaturas de termos de posse e exercício, aos quais meu pai me acompanhou , com grande orgulho, afinal , eu tinha a MINHA classe... 
    Já havia concluído meu curso de Pedagogia, em 1973, com habilitação em Administração Escolar. Resolvi fazer o curso de Complementação em Estudos Sociais, no antigo IESA. Trabalhava, então, pela manhã, no Estado, à tarde, na Prefeitura e , à noite, fazia minha segunda faculdade... 
     Em 1977, fui chamada a assumir,  após concurso, o cargo de professora efetiva , na rede estadual, no Grupo Escolar Ezilda Nascimento Franco , em Mauá... Como houvesse falta de professor de História, assumi 4 aulas, à noite... Em 1978, porém, por uma incompatibilidade de horários entre a Prefeitura e o Estado, vi-me obrigada a me exonerar do cargo cuja remuneração era menor: - o do Estado...Como meu horário , na Prefeitura , era o intermediário, das 11:00 às 15:00 horas, não me seria mais possível acumular cargo , no Estado, se fosse como professora de 1ª. a 4ª. série. Porém, com a segunda faculdade, poderia lecionar à noite, para o antigo ginásio. Assim é , que retornei para o antigo Grupo Escolar do Alto Capuava que, em breve seria chamado de EEPG Prof. Nelson Cardim de Brito. Dava aulas de Geografia, História, Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política do Brasil. Lá,  fui , também ,  Coordenadora do Centro Cívico, Coordenadora do Ciclo Básico, Professora de PROFIC e, a partir de 1990, por concurso público, fui nomeada Diretor de Escola, permanecendo no cargo, nessa mesma escola, até agosto de 1997, quando se deu minha aposentadoria...
       Na EMEF Cidade de Osaka, a partir de 1984  e até 1999, assumi a função de Auxiliar de Direção , lecionando, vez ou outra,  para 5ª. a 8ª. série, quando da falta de professores. Em 2000, exerci o cargo de Orientadora de Sala de Leitura, cargo fantástico e de extrema versatilidade... Em março de 2001, concorri ao cargo de Assistente de Diretor, da EMEI Manoel Fiel Filho , no Parque São Rafael, na mesma calçada da EMEF Cidade de Osaka. Fiquei lá até fins de janeiro de 2010, quando se deu minha aposentadoria... 
         A grosso modo, esta foi minha trajetória profissional. Nesse meio tempo, também tive outras experiências:
- participei por duas vezes do Projeto Campus Avançado do Projeto Rondon , em Araçuaí, MG , como coordenadora da equipe de Educação;
- conclui  cursos de latu sensu,  em Didática do Ensino Superior, Administração Escolar, Planejamento Educacional , Orientação Educacional e Administração de Recursos Humanos ;
- fui Assistente  Pedagógica , no Colégio Salete, em Santo André;
- fui professora de História e Filosofia da Educação , para o Curso de Magistério, na EEPSG Profª. Esther Medina, em Santo André. 
       Agora, aposentada de dois cargos públicos , vendo a Educação de dois ângulos diversos, - de fora, pois já não mais atuo, mas de dentro , por já ter sido participante ativa do processo- pretendo usar este blog para compartilhar minhas experiências com tantos outros educadores, aprendendo com as novas gerações de professores e recordando com meus coetâneos ...
      Em breve nos encontraremos aqui...